Fire all the BAD managers

Publicado em 06/12/2011

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Olá pessoal. Tudo certo?!

Essa é uma resposta para um . No post dele, chamado “Fire all the managers” ele defende que “gerentes” são desnecessários. Além disso, defende que eles impedem a “democracia organizacional”.

Como discordo dessa posição, apresento alguns de meus argumentos para pensar diferente. Para isso, começo do “início” …

O gênese empresarial

Toda empresa começa, basicamente, com o desejo de um empreendedor de atender uma necessidade e/ou desejo latente de uma comunidade consumidora;

Essa iniciativa empreendedora demanda competências muito específicas e, em nossa cultura, raras.

Cabe ao empreendedor a responsabilidade de, mesmo em estágio inicial, (1) constituir uma proposição específica de valor, que; (2) será monetizada (paga) conforme a percepção do mercado consumidor (de acordo com o grau de especialidade), e que (3) será entregue através do emprego de recursos e processos adequados.

Perceptivelmente, empreender é uma tarefa árdua. Logo,

A crença do empreendedor lhe confere o status automático de “líder”. Isso é indispensável. É o empreendedor que tem um sonho; uma visão de futuro; uma missão.

O sucesso de seu empreendimento depende, entre outras coisas, de sua capacidade de comunicar (tornar comum) o seu anseio.

Para realizar o seu sonho/visão/missão, o empreendedor, por sua vez, precisa ter o apoio de pessoas (trabalho) e alguma infraestrutura (capital). Ele também deverá ter o “sagrado direito” de escolher com quem trabalhar e, de certa forma, como deseja trabalhar. Ele é o “dono” do negócio. Lembrando:

Negócio = Proposta de Valor + Estratégia de Monetização + Processos/Recursos Chave

Logo, precisará tratar, também,  premiar os outros envolvidos de forma que estes aceitem participar do empreendimento. Esse “prêmio” vem em forma de remuneração.

A relação entre empreendedor e colaborador (funcionário ou não) estabelece uma hierarquia.

Por que sempre há remuneração?

Porque ninguém trabalha de graça! Pessoas tem necessidades e utilizam o dinheiro como viabilizador do atendimento dessas necessidades.

O empreendedor precisa de gente (It’s all about people) e capital para gerar infraestrutura.

Em uma empresa, há basicamente dois tipos de remuneração:

  1. Remuneração do trabalho; previsível, estável, decorrente da entrega de valor relacionado ao esforço de um ou mais indivíduos.
  2. Remuneração do capital; imprevisível, instável, decorrente da disponibilização de capital para investimentos visando de alavancar  os resultados da organização.

Por mais ardentes que sejam nossos ideais, sempre haverá esses dois formatos de remuneração que são “invariavelmente” diferentes e, com frequência, têm interesses conflitantes.

A remuneração do capital, pelo risco envolvido, costuma ser, previsivelmente, mais alta.

Além disso,

Há um conflito natural entre o capital e o trabalho; O capital tem recursos limitados e o trabalho tem necessidades ilimitadas.

O empreendedor poderá obter capital de diversas fontes. Seja:

  • com recursos próprios,
  • um fundo investidor,
  • um “sócio”. 

Perceba,

o risco de investimento está diretamente relacionado ao risco, ou a falta de garantias. Logo, quanto menos garantias, maior será a remuneração do capital.

Para complicar um pouco as coias, o empreendedor também precisa atender, pelo menos suficientemente, as demandas do “trabalho” que compara, insistentemente, a sua remuneração com a do “capital”.

o empreendedor ganha a responsabilidade de prover equilíbrio (gerenciar) a relação entre capital x trabalho.

Obviamente, por conflitos de interesse, esse equilíbrio implica em uma visão imparcial. Assim nasce a função do gerente.

O gerente tem a responsabilidade primária de equilibrar a relação entre capital e trabalho.

Quando o trabalho “ultrapassa” o capital

Há empresas onde o risco é tão baixo e o capital está tão “suficientemente pago” que é possível perceber uma “valorização do trabalho”. Ou seja, trabalho passa a ser mais difícil de obter que o capital.

Esse é o cenário, naturalmente raro, onde empresas, para reter talentos, passam a pagar prêmios maiores para o trabalho (sem sacrificar o capital). Entretanto, sempre haverá a ameaça externa de uma pressão de novos entrantes.

Definindo Gestão

Há diversos adjetivos cabíveis a gestão. Entre eles, o mais importante, sem dúvidas é decisão.

Gerir implica em decidir. O gestor é acima de tudo um decisor.

Ingenuamente, podemos assumir que todos tomamos decisões. Logo, somos todos gestores. Entretanto, a coisa não é tão simples.

Em um ambinete ideal, o gerente deve tomar suas decisões alinhadas a estratégia que, por sua vez, está alinhada ao negócio (veja a definição no início desse post). Além disso, as decisões devem garantir a expectativa do “capital” e do “trabalho”.

Estratégia é um padrão coerente para tomada decisões.

É verdade que o capital tem condições de premiar (bônus) gestores que conseguem garantir uma remuneração melhor. Naturalmente,

o gestor inteligente saberá que só conseguiu atingir esse resultado com o apoio do “trabalho” e, assim, nascem os programas de participação no resultado.

Em todos os ramos, há os “bons” e os “maus”

Nem todo gestor consegue fazer um bom trabalho. Obviamente,

é mais fácil “ceder” as pressões do “capital” do que atender as necessidades do “trabalho”. Entretanto, esse posicionamento não é capaz de entregar resultado sustentável (consistente e repetitivo).

Perceba,

Maus gerentes não conseguem “manter” o trabalho. Péssimos gerentes não conseguem manter o “capital”

Um bom gerente sabe que, sendo democrático, consegue reter melhores talentos. Em empresas que trabalham com “diferenciação” isso é fundamental.

O gerente está sempre em uma posição delicada

O “trabalho” se reune para acusar o gerente de favorecer o “capital”. Além disso, afirma que ele é um “vendido”, superficial e com pouca “profundidade técnica”.

O “capital” acusa o gerente de fazer defesa do “trabalho”.

O “empreendedor” acusa o gerente de ser um burocrata.

Ninguém gosta do gerente. Mas, ele mantém essas forças, naturalmente em tensão, em equilíbrio.

Por isso, não demita os gerentes. Só, é claro, os ruins.

Era isso.

Smiley piscando

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