Olá pessoal. Tudo certo?!
Há quem defenda que a inovação é fundamental para a continuidade de qualquer organização. Concordo com isso! Mas, a pergunta que fica é: “Como inovar?!”
Há métodos, processos e tudo mais. Entretanto, penso que a adoção destes atrapalhe o começo da jornada. Para mim, a busca pela inovação começa pela formação do ambiente inovador.
Neste post, pretendo costurar uma série de crenças pessoais adquiridas com a experiência e com meus estudos. Não pretendo esgotar o assunto (isso seria impossível).
Este post é uma provocação. Meu objetivo é, com os feedbacks, entender o que outras pessoas pensam sobre o tema.
Conceituando Inovação (ou, Inovação não é criatividade)
Eis algo polêmico! Afinal, o que é inovação!? Existem diversas definições, muitas conflitantes, para esse termo tão importante.
Para mim:
Inovação é tudo aquilo que produz “dinheiro novo”!
Boas idéias que não conseguem gerar “dinheiro novo” são pouco mais que nada. Talvez, demonstrações de criatividade. Mas, com certeza, pouco inovadoras.
Nós, brasileiros, somos extremamente criativos. Precisamos ser mais inovadores.
Não concorda com essa definição? Proponha outra nos comentários.
O segredo está no ambiente
Somente pessoas podem produzir Inovação. Ou seja, a inovação é produção fundamentalmente humana.
Para inovar é preciso gente!
Infelizmente (ou felizmente), máquinas não podem inovar! Em consquência disso, da mesma forma como acontece com a motivação, penso que processos ou métodos acabem não sendo muito eficientes.
A gestão eficiente da inovação começa na criação de um ambiente favorável.
Da mesma forma,
O ambiente inovador depende de um esforço real para sua formação e continuidade.
Ou seja, o segredo para a inovação está no ambiente.
Como é um ambiente favorável a inovação?
Muita gente acredita que um ambiente inovador é aquele que:
- incentiva TODAS as pessoas a colaborar com idéias;
- premia o acerto, sem, necessariamente, condenar o erro;
- facilitam a realização de projetos novos e propensamente inovadores;
Concordo com tudo isso. Mas, acho que é insuficiente! Veja:
- Mesmo em empresas reconhecidamente inovadoras, as "melhores idéias” não saem do “banco de idéias”. Geralmente são combinados das áreas de Marketing e P&D;
- Nem todas as empresas “inovadoras” são tão tolerantes ao erro. A Apple, por exemplo, é famosa pela busca ao perfeccionismo (e baixa tolerância com a mediocridade);
- Projetos inovadores raramente conseguem conviver com a gestão da rotina. Na prática, quando “a coisa aperta”, todas as pessoas e recursos relacionados a projetos novos são realocados.
Para mim,
um ambiente favorável a inovação é aquele que permite a manutenção e combinação de insights. É aquele que depende da geração do “dinheiro novo”!
Boas idéias não surgem de uma hora para outra
Diferente do que costumamos reconhecer, a idéia genial, aquela que gera inovação, não surge de uma hora para outra.
Inovadores reconhecem que boas idéias são decorrentes de processos com dois, três, quatro anos! Aliás,
Boas idéias costumam ser resultado da combinação de insights mais antigos; maturados e especializados.
Perceba,
Geralmente, alguém tem “metade” de uma boa idéia. Apenas quando essa “metade” é combianda com outra é que surge o fundamento inovador.
Quando começamos algo, não temos a visão completa do que iremos realizar. Boas idéias, incluindo as inovadoras, precisam de tempo de incubação.
Voltando ao ambiente favorável a inovação…
Como já havia dito, um ambiente inovador é aquele que permite a combinação de insights. Por insight, quero dizer a “meia idéia”. Aquela porção inovadora que, sozinha, não é suficiente.
Um ambiente inovador é aquele que permite que as pessoas divulguem e compartilhem seus insights. Que tolera a maturação!
Queremos ambientes inovadores, temos que incentivar a formação de comunidades de prática. Ampliar a criatividade implica na intensificação da conectividade.
Ambientes inovadores aproximam gente boa! Pessoas realmente interessadas em conceber o melhor.
Logo,
Inovação não ocorre em função da quantidade, e sim da qualidade.
Por isso,
Grandes orçamentos destinados para a inovação não implicam em projetos inovadores.
Pois,
Por incrível que pareça, um time diferenciado custa menos que um time de medíocres.
Há os realizadores, pessoas que conseguem transformar boas idéias em realidade. Infelizmente, essas pessoas, geralmente, tem dificuldades para compreender e participar do processo criativo. A relação entre criativos e executores costuma ser conflituosa.
O conflito entre criativos e executores é alcançado pela comunhão de objetivos;
O que quero dizer por maturação?
Como falei no início, para mim, inovação sempre gera dinheiro novo.
Somos remunerados (ganhamos dinheiro) como pagamento relacionado a entrega de algum valor.
Logo,
Uma idéia inovadora implica na formação clara de uma “proposta de valor”.
Também sabemos que a relação entre dinheiro e valor é tensa! A “conversão” de valor entregue em dinheiro é chamada “monetização”.
Entretanto, para que possamos “entregar o valor”, precisamos definir e trabalhar um composto de pessoas, processos e recursos.
Assim, a inovação depende da definição e estabilização de:
- uma proposta de valor coerente;
- um formato de monetização adequado para a remuneração efetiva do capital e do trabalho;
- a determinação e constituição de uma estrutura com pessoas, processos e recursos adequados.
O problema, é que isso não ocorre de uma hora para outra. A definição de todos esses elementos é algo interativo (não é possível acertar de primeira).
Empresas grandes tem mais dificuldade em inovar
É claro e notório que empresas maiores tem mais dificuldade para inovar. Por quê? Penso que a resposta seja que elas raramente dependem da formação do dinheiro novo para a continuidade (imediata!) de suas operações.
Empresas novas carecem de uma proposta de valor. Por isso, é vital aproximar pessoas com insights que possam ser úteis para formação dessa proposta, bem como meios de monetização.
Empresas novas (e, consequentemente, menores) são mais tolerantes ao erro (por falta de opção) que empresas maiores. Além disso, há poucos vícios a superar.
Para uma empresa grande inovar, precisa voltar a funcionar com a agilidade de uma empresa pequena.
Concluindo..
Um ambiente inovador é aquele que permite que pessoas compartilhem seus insights (metades de boas idéias). Além disso, é um ambiente disciplinado (não burocrático) voltado a definição de uma proposta de valor clara, que se preocupa com monetização e execução. Se for uma empresa grande, talvez precise pensar em “separar” o negócio novo.
Inovação depende de tudo isso. E é só o começo…
Por agora, era isso.
E você, o que acha?!
Magnani
28/01/2012
Excelente tema. Atualmente acredito que muitas das grandes empresas, dos mais diversos segmentos (eletrônico, telefonia, financeiro, etc) encaram a Inovação como fator de COMPETITIVIDADE.
elemarjr
28/01/2012
Sim! Concordo com você.
Também pensa que elas tem dificuldades grandes em inovar?
João Seixas
29/01/2012
Olá,
Primeiramente parabens pelo post
Mas me permita discordar de alguns pontos, somente para enriquecer a discussão.
“Nem todas as empresas “inovadoras” são tão tolerantes ao erro. A Apple, por exemplo, é famosa pela busca ao perfeccionismo (e baixa tolerância com a mediocridade)”
A tolerância ao erro não tem a ver com a quantidade de valor gerada. A mediocridade que você citou no caso especifico da Apple, está diretamente relacionada a proposta de valor das inovações deles.
“Projetos inovadores raramente conseguem conviver com a gestão da rotina. Na prática, quando “a coisa aperta”, todas as pessoas e recursos relacionados a projetos novos são realocados.”
Concordo inteiramente com essa afirmativa, mas vou levantar uma questão somente para gerar discussão, pois sem discussão não há crescimento.
Projetos inovadores precisam conviver com a gestão rotineira?
Muitas empresas grandes tem “subempresas/subgrupos” com budgets próprios e rotina próprias para inovação. Não vou citar nomes, mas conheço de perto algumas gigantes que fazem isso. A gestão da inovação aplicada ao seu máximo e trazendo o maior diferencial competitivo possível.
Dessa forma não existe o contágio. O produto só “sai”, quando tem possibilidade e viabilidade para ser produzido… isso não impede que no processo de produção ele passe por melhorias ou até outras inovações que agraguem mais valor ainda.
Enfim, essa é uma otima discussão mas vou ficar por aqui, porque estou me alongando demais no comentário…
elemarjr
30/01/2012
Olá João,
Grato pelo comentários.
Concordo inteiramente com a cobrança relacionada a proposta de valor. Penso exatamente da mesma forma.
Quanto a grandes empresas criando spinoffs/startups para conduzir propostas novas de valor, também estamos alinhados.
acazsouza
30/01/2012
Olá Elemar, você disse que “Um ambiente inovador é aquele que permite que pessoas compartilhem seus insights”, portanto pesquisas sugerem fortemente que as pessoas são mais criativas quando gostam de privacidade e liberdade sem interrupção é o que explica este excelente artigo do The New York Times: http://www.nytimes.com/2012/01/15/opinion/sunday/the-rise-of-the-new-groupthink.html?_r=1
elemarjr
30/01/2012
Olá Acaz,
Realmente, o artigo recomendado é bastante interessante.
Perceba que, assim como o artigo, não defendo ambientes abertos com pessoas interagindo todo o tempo. Acredito e defendo que boas idéias exigem reflexão e isso implica em “solitude”.
Entretanto, aponto para o fato de que ninguém é uma ilha. Não há idéia inovadora, 100% original, partindo de uma só pessoa. Sempre serão necessárias referências (Newton já disse: “Se vejo mais longe, é porque estou sentado no ombro de gigantes”.
Ambientes inovadores permitem a combinação de insights. Parto do pressuposto de que é essa combinação que resulte em boas idéias (e inovações).
[]s
31/01/2012
Elemar,
Só pra enriquecer a conversa, encontrei este post fantástico do Philip Calçado:
http://philcalcado.com/2010/06/01/inovacao-construa-e-eles-virao/
Estou lendo sobre Lead User (um “processo” para executar inovação – ?? – com o qual eu ainda não concordo) e se achar que vale a pena trazer o assunto, trarei assim que tiver uma opinião mais concreta formada (já que, por ora, concordo que inovação não tem método – ou não deveria ter).
elemarjr
31/01/2012
Olá, Daniel
Muito obrigado por compartilhar o link do Philip. Vou ler o post com carinho.
Por favor, compartilhe sim suas impressões acerca desse “processo”. Afinal, podemos aprender juntos.
Penso que a inovação, além de um ambiente favorável, se beneficiaria de alguns “dogmas e ritos”. Mas nada muito além disso.