Olá pessoal. Tudo certo?!
Vez ou outra, vou tomar a liberdade de fugir um pouco dos posts técnicos e vou entrar em outro domínio que considero fascinante: a filosofia.
Minha proposta é fazer pequenas provocações; estimular reflexões e, se possível, colaborar com a mudança.
Para começar, quero falar de três temas importantes. Começo com a tolerância. Passo pela democracia. Por fim, acabo no respeito.
Afinal, o que é tolerância?
Você se considera tolerante? Você considera a tolerância algo importante?
Para começar, vamos entender que
tolerância indica o grau de aceitação diante de um elemento contrário a uma regra moral, cultural, civil ou física.
Como as regras morais, culturais, civis e físicas mudam com o tempo. Ou ainda melhor, variam conforme o contexto. Assim, também ocorre com a tolerância. Perceba,
Já foi tolerável queimar pessoas em uma fogueira; açoitar um escravo; explorar o trabalho infantil; manter relações incestuosas. Em algumas culturas ainda é tolerável a poligamia.
Quando falamos em contexto, também podemos falar em sociedade. Entre os índios é tolerável andar nu e submeter jovens a rituais brutais de passagem. No Brasil é tolerável beijar na boca em público, nos Estados Unidos é estranho. No oriente médio …
Chegamos a democracia
Falar em democracia também é, invariavelmente, falar em tolerância. Um dos pilares da democracia é a capacidade de conviver e, além disso, aceitar pessoas que pensam diferente.
Em muitas perspectivas, a tolerância é uma virtude. Entretanto, como bem explicou Aristóteles, a virtude está sempre no meio. O excesso corrompe tanto quanto a falta.
Coragem em demasia é temeridade. Humildade, é orgulho. Liberdade, é libertinagem. Tolerância em demasia nada mais é que indiferença e tende ao conformismo.
Tolerância e respeito
Tolerância combina perfeitamente com respeito. Voltaire dizia:
Não concordo com nada do que você diz. Mas, defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo.
Isto, senhores, chama-se tolerância.
Respeito é reconhecimento da condição humana.
O que diferencia o humano do animal, primariamente, é a capacidade de tomar decisões raciocinadas. Animais tomam decisões condicionadas (treinadas). Ou seja, (podemos) fazer as coisa por uma escolha racional. Mas, pense comigo: quanto de suas decisões são produtos de raciocínio e quanto de condicionamento (Você se respeita?!).
Respeito parte do fundamento de “não fazer para os outros aquilo que não queremos que nos façam para nós”. Ou, como define a regra de outro: “tratar o outro como gostaríamos de ser tratados”. Ou ainda melhor, “tratar o outro como ele gostaria de ser tratado”.
Se não toleramos que nos discriminem pela nossa cor de pele, não podemos discriminar os outros. Se não toleramos ter nossas preferências sexuais condenadas, não devemos condenar a preferência dos outros.
Devemos ser tolerantes com as pessoas que pensam de maneira diferente porque as respeitamos.
Combinando, finalmente, tolerância e respeito:
Tolerância em demasia é indiferença. Respeitar o próximo, as leis, aos pais, a sociedade não é, definitivamente, lhes ser indiferente.
Para tolerar, é preciso definir o intolerável
Tolerância somente será uma virtude quando respeitar alguns limites.
Quando conhecemos a verdade, fixar limites para tolerância fica mais simples. Não podemos tolerar um programador que reconhecendo a má qualidade de seu código se recuse a melhorá-lo.
Buscar a verdade é o passo inicial para o exercício da tolerância.
Mas, enfim, o que é a verdade? Entendeu! Complicou. Quem define o certo e o errado? Aqui começa o problema.
Por respeito próprio, devemos ser antes de qualquer um os juízes de nossa verdade. Respeito com poder resultando em responsabilidade.
Tolerância, respeito e democracia.
Tolerância para aceitar o diferente. Respeito para reconhecer a condição humana do outro. Democracia para garantir que todos possam expressar o que pensam, por que pensam, e como pensam.
Pense: uma democracia que proíbe os não democratas está condenada. Uma democracia que permite tudo também está condenada.
Afinal, o que fazer?
O bom da filosofia é que ela não se preocupa em encontrar respostas. Ela persegue a verdade. Por isso, se concentra na formulação de perguntas.
Para mim, ser tolerante implica em, definidos alguns limites, respeitar os outros começando pela defesa do direito do pensamento livre (mesmo que oposto).
E você? É tolerante?
Era isso.
Rodrigo Vidal
09/01/2012
Irado o post Elemar! Quero ver mais desses por aqui
Giovanni Bassi
09/01/2012
Democracia e liberdade nunca são demais. Uma democracia que permite tudo é o ponto ideal. A sociedade seria auto regulada. Não precisamos de agentes externos. Caminhamos para a anarquia. A anarquia baseada no conhecimento.
Alessandro
09/01/2012
@giovanni não existe liberdade plena. A sociedade precisa de regras. O modelo da autoregulação já se mostrou que não é possível e viável.
Giovanni Bassi
13/01/2012
Na Lambda3 trabalhamos em liberdade plena, de forma autoregulada, autoorganizada. Como então dizer que não existe?
09/01/2012
Elemar, refletir é muito bom, no ano passado, após ler um livro sobre Anarquia, passei a questionar alguns “benefícios” da Democracia. E no final do livro vi relações bem semelhantes entre Anarquia e Agilidade.
Rodrigo Fernandes
10/01/2012
O problema, é como você disse, na definição de verdade. É impossível, generalizando, que alguém que viveu em uma cultura ocidental tolere atos que são legítimos em países muçulmanos como o apedrejamento de mulheres, pois a “verdade” é distinta para os dois grupos, no ocidental a verdade prega que não se mate, no oriental a verdade prega a punição, logo, é logicamente impossível chegar a um nível de tolerância entre os dois povos, nesta situação em particular – a do apedrejamento.
Leza Morais
11/01/2012
@Rodrigo, em este caso, para que tudo esteje bem deve reinar a democracia.